quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Toda criança tem de aprender a ter hábitos saudáveis. E esse aprendizado passa pelos pais e pelo ambiente familiar.

Uma boa alimentação e hábitos saudáveis, como fazer exercícios, são imprescindíveis para um bom crescimento, um desenvolvimento correto e podem impactar significativamente na saúde e prevenir contra o desenvolvimento da obesidade em longo prazo. Além disso, os exercícios contribuem para um melhor nível de bem-estar e melhoram o rendimento escolar dessas crianças.

Exercícios o suficiente

“Crianças que se engajam em atividades físicas na 1ª infância – entre 1 e 6 anos – desenvolvem consideravelmente seu nível de motricidade”, aponta Alessandra Nabeiro, docente na área de Educação Física da Universidade de São Caetano do Sul (USCS), em São Paulo. Alessandra lembra que nessa idade as atividades físicas ideais são aquelas com fundo lúdico, sem regras muito definidas, onde não existe nível de competição nem são cobradas as chamadas “especialidades” (técnicas específicas de um jogo ou esporte).

Os benefícios desse tipo de hábito de exercícios – conjunto com uma alimentação mais saudável – contribuem para que eles se concentrem mais e consequentemente tenham menos problemas acadêmicos. Além disso, as crianças se sentirão melhor com seus corpos e desenvolverão habilidades motoras.

Os níveis de estresse também caem e a regulação das emoções se torna mais fácil em crianças que fazem atividades físicas. A autoestima aumenta, a ansiedade diminui e os sintomas de depressão dificilmente se instalam. Esses benefícios se tornam uma herança para a vida adulta desses indivíduos. (leia mais aqui )

“Apesar de não termos dados exatos sobre essa questão, notamos que muitos pais e professores relatam os benefícios sociais do engajamento em uma rotina de atividades físicas. Essas crianças se relacionam de forma mais fácil e mostram diminuição na ansiedade. Consequentemente, têm menos problemas escolares”, aponta Alessandra que também coordena a Escola de Ginástica para Crianças, projeto ligado à USCS. (leia mais aqui)

Poucas crianças fazem atividades físicas

Apenas 30% das crianças americanas entre 6 e 17 anos fazem 20 minutos de atividade física diária, diz uma pesquisa feita pela Associação Americana de Pediatras (AAP) na sigla em inglês). Uma porcentagem ainda menor chega ao ideal, ou seja, 1 hora de atividades físicas por dia de acordo com as orientações da própria AAP.

No Brasil não há dados consolidados sobre a questão, mas uma pesquisa do IBGE feita em 2009 mostrou que a obesidade infantil aumentou em 35% nos últimos 30 anos. Entre as causas possíveis para esse salto está o aumento do sedentarismo entre a população brasileira (por volta de 70% é considerada sedentária).

Benefícios para o organismo

Comendo melhor e com mais variedade, o crescimento dessas crianças é seguramente melhor e o organismo se torna mais forte contra doenças. Uma rotina de exercícios físicos ajuda a construir músculos e ossos mais fortes, além de limitar o acúmulo de gordura no corpo.

Os exercícios combinados com uma alimentação saudável também previnem contra transtornos alimentares e condições que possam se desenvolver na idade adulta como doenças do coração, diabete, pressão alta e mesmo câncer.

Pais são modelos de comportamento

O problema observado por Alessandra, entretanto, é que os pais – que são o modelo de comportamento seguido pelas crianças – nem sempre têm hábitos alimentares saudáveis. Isso se deve a vários fatores, entre eles o tempo disponível para as atividades familiares.

“Os pais, no curto espaço de tempo que têm para conviver com os filhos, podem acabar optando por não variar os alimentos consumidos e mesmo escolher alimentos industrializados, pela praticidade. Esses alimentos – entre eles os salgadinhos e os doces ou bolachas – são grandes fontes de sódio e de gorduras diversas. Mesmo aqueles que alardeiam serem livres de ‘gordura trans’ têm grandes quantidades de outros tipos de gorduras”, diz a especialista que já acompanhou crianças com problemas de pressão alta (devido ao consumo excessivo de sódio, ou seja, sal) e com índices de colesterol “ruim” (o LDL) bastante altos para a idade.

A falta de tempo, entretanto, não deve desmotivar os pais na hora de desenvolver novas maneiras de introduzir uma alimentação mais equilibrada em casa. Mesmo não abrindo mão da praticidade é possível melhorar o modo como se come em família (leia mais aqui e também aqui)

Por tudo isso é sempre bom lembrar que a rotina saudável das crianças depende do modo como os pais tratam essa questão. É bom ter em mente que:

• Comportamento dos pais é imitado pelas crianças

As crianças, de forma instintiva, imitam os hábitos dos pais. Se os pais se mostram desmotivados para fazer exercícios físicos e não indicam a necessidade de se alimentar de forma correta, os filhos muito provavelmente seguirão o mesmo tipo de padrão de comportamento. Esses hábitos ruins podem ser levados para toda a vida, atravessando várias gerações.

• Responsabilidade pela manutenção ou introdução de hábitos alimentares

Dentro de casa, as compras são feitas pelos adultos. Então se não há a introdução de novos tipos de alimentos (frutas, verduras e alimentos integrais, por exemplo) as crianças dificilmente se interessarão por esses alimentos quanto estiverem fora de casa (na escola, por exemplo). (leia mais aqui)

• Gosto é questão de família

Simplesmente introduzir um novo alimento, mas demonstrar que não gosta daquele tipo de comida, pode desmotivar os filhos a provar novos sabores. Esse tipo de problema pode se desdobrar em outros, levando até mesmo a problemas de crescimento e desenvolvimento (leia mais aqui e também aqui )

• Refeições em família ajudam a mudar os hábitos

Fazer refeições em família, ao redor da mesa, evitando distrações como a televisão, pode ser uma boa maneira de reeducar os filhos para novos hábitos alimentares. (leia mais aqui)

• Brincar também é exercício

Uma rotina de atividades físicas não precisa ser apenas baseada em praticar esportes ou competir com os filhos. Atividades lúdicas (como jogar freesbee, patinar, empinar pipa, brincar de pega-pega ou ir ao clube nadar de forma descompromissada) também são ótimas maneiras de introduzir o hábito entre os filhos. Mais importante do que os exercícios feitos é a constância dessas atividades. Ir ao parque ou a um clube alguns dias por semana é o ideal.

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por Enio Rodrigo

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