sexta-feira, 30 de abril de 2010

Atividade física previne insônia

Quer dormir bem? Então, mexa-se. Esta é a recomendação de especialistas em sono: atividades físicas regulares levam o indivíduo a fazer as pazes com o travesseiro. E, em muitos casos, o exercício pode reduzir ou até eliminar a necessidade de tomar remédios para dormir.
O exercício ajuda a dormir, e vice-versa, num círculo virtuoso. Dormir bem, dá mais vigor ao organismo para praticar atividades físicas, pois libera o hormônio do crescimento, até mesmo na idade adulta. "No adulto, este hormônio recupera a musculatura e ajuda a reduzir riscos de osteoporose", diz a neurologista.


Confederação Brasileira de Desportos para Cegos

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Conheça a Confederação Brasileira de Desportos para cegos e conheça as modalidades e as adaptações aos esportes.Não deixe de visitar este site.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Dia da Educação lembra que o país precisa de melhorias - Portal Educação

Dia da Educação lembra que o país precisa de melhorias - Portal Educação

Cognição e esquizofrenia - Mente e Cérebro

Cognição e esquizofrenia - Mente e Cérebro

G1 - Conferência debate uso da tecnologia na educação - notícias em Vestibular e Educação

G1 - Conferência debate uso da tecnologia na educação - notícias em Vestibular e Educação

Quem sofre de nomofobia não larga o celular nem para ir ao banheiro - 18/03/2010 - UOL Estilo - Moda

Quem sofre de nomofobia não larga o celular nem para ir ao banheiro - 18/03/2010 - UOL Estilo - Moda

Saiba o que é a Monofobia e quais os seus sinais!

Cultura Acadêmica - Download de livros, artigos e textos.

Cultura Acadêmica - Download de livros, artigos e textos.
LINGUAGEM, EDUCAÇÃO E VIRTUALIDADE
EXPERIÊNCIAS E REFLEXÕES

ASSUNTO: Linguística
AUTOR(ES): SOTO, UCY - MAIRYNK, MÔNICA FERREIRA - GREGOLIN, ISADORA VALENCISE (Orgs.)
ISBN: 9788579830174
PÁGINAS: 252
ANO: 2010
A coletânea de textos deste livro analisa os desafios e as possibilidades de uma educação que transcenda os muros da sala de aula e se abra para as linguagens e práticas do mundo. No novo cenário que vai se delineando para a educação do século XXI, o contexto de ensino e aprendizagem de línguas já vem mostrando os efeitos da "Idade Mídia" em que vivemos, sinalizando, também, o importante papel que as novas ferramentas de natureza tecnológica vêm desempenhando na definição de novas posturas e modalidades pedagógicas. Tais aspectos são discutidos por pesquisadores de renomadas instituições de ensino superior, nacionais e internacionais, que propõem três eixos centrais de reflexão: linguagem, educação e virtualidade. Partindo de suas experiências didáticas e reflexões teóricas, os autores colocam em pauta assuntos de relevância para a compreensão das novas demandas que refletem diretamente em áreas como a formação inicial e continuada de professores, o trabalho docente na sala de aula presencial e virtual, o design de materiais didáticos e a forma como os novos meios e práticas incidem no funcionamento da linguagem e no surgimento de novos gêneros discursivos.

Legislação Específica / Documentos Internacionais

Legislação Específica / Documentos Internacionais

Secretaria de Educação Especial/MEC

Orientações sobre a inclusão do aluno com deficiência física « Instituto Municipal Helena Antipoff

Orientações sobre a inclusão do aluno com deficiência física « Instituto Municipal Helena Antipoff

Instituto Municipal Helena Antipoff

Instituto Municipal Helena Antipoff

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ORIENTAÇÕES DA EDUCAÇÃO ESPECIAL PARA ADAPTAÇÕES DE PROVAS - Google Docs

ORIENTAÇÕES DA EDUCAÇÃO ESPECIAL PARA ADAPTAÇÕES DE PROVAS - Google Docs

Tuka Scaletti: Envolver pais e comunidade é estratégia de escolas para melhorar ensino

Tuka Scaletti: Envolver pais e comunidade é estratégia de escolas para melhorar ensino

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Na rede pública, tecnologia atende 24 milhões de alunos

Todos Pela Educação

Pesquisa "Bullying no Ambiente Escolar"

<<EducaRede>>

Lista de links: bibliotecas digitais e projetos de digitalização pelo mundo « Simpósio Internacional de Políticas Públicas para Acervos Digitais

Lista de links: bibliotecas digitais e projetos de digitalização pelo mundo « Simpósio Internacional de Políticas Públicas para Acervos Digitais

Participe! Em Julho Workshop no Canal Futura

Canal Futura - Detalhe - Notícias

Ler é tudo de bom!

Temas Especiais

Portal Aprendiz - MEC promete banda larga para 92% das escolas brasileiras ainda neste ano

Portal Aprendiz - MEC promete banda larga para 92% das escolas brasileiras ainda neste ano

Aprenda a jogar xadrez . Veja a cartilha em pdf

Ministério do Esporte

Para reflexão...

O saber a gente aprende c os mestres e os livros. A sabedoria, se aprende é com a vida e com os humildes. (Cora Coralina)

terça-feira, 27 de abril de 2010

Portal Síndrome de Down

Portal Síndrome de Down

Formação para trabalhar com tecnologias

Formação Nova Escola

Formação continuadaProfessoresPrática
Edição Especial | Dezembro 2009 | Título original: O grande desafio de quem ensina

Formação para trabalhar com tecnologia: o grande desafio de quem ensina

Sem uma equipe capacitada, o que se vê são professores que aproveitam a sala de informática para deixar os alunos trabalhando sozinhos e escolas que nem sequer utilizam os laboratórios existentes

=== PARTE 1 ====
*        
Você se considera preparado para utilizar computadores na sala de aula? Para 72% dos entrevistados na pesquisa encomendada pela Fundação Victor Civita, a resposta é “não”. Além disso, apenas 15% afirmaram ter recebido formação para o uso de tecnologias aplicadas à Educação. Com um agravante: na maior parte dos casos, esses cursos são focados nas próprias ferramentas (saiba mais na tabela da página 2). Ou seja, falta conectar as novas tecnologias aos conteúdos. Regina Scarpa, coordenadora pedagógica de NOVA ESCOLA e da Fundação Victor Civita, destaca: “As capacitações em serviço deveriam focar os conteúdos de cada disciplina e incluir as tecnologias como ferramentas para facilitar o trabalho de sala de aula” (leia mais na entrevista da página 2). Rosane de Nevada, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), lembra que só ensinar a mexer na máquina não contribui para aperfeiçoar o jeito de ensinar. “Basta de usar o computador apenas para repetir o que foi dado em sala de aula”, diz ela, que coordena um curso de formação continuada em Porto Alegre (veja detalhes na próxima página).

Enquanto os professores ainda não têm essa formação, a participação do especialista em tecnologia educacional (em geral, o responsável pelo laboratório de informática) facilita a vida dos colegas e permite que mais estudantes tenham acesso aos computadores. Confira no quadro ao lado outras sugestões para melhorar a capacitação da equipe.
72% dos entrevistados acham que o curso de graduação os preparou pouco ou nada para o uso da tecnologia na escola
Escrever com a ajuda do computador
AULA COM SENTIDO  Na EMEF Deputado Victor Issler, Luciene ensina produção de texto no computador. Foto: Tamires Kopp
AULA COM SENTIDO Na EMEF Deputado Victor Issler, Luciene ensina produção
de texto no computador. Foto: Tamires Kopp

A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) oferece, desde agosto de 2006, um curso de licenciatura em Pedagogia na modalidade a distância fundamentado no uso de tecnologias e destinado a professores que atuem no primeiro ciclo do Ensino Fundamental e na Educação Infantil. Batizado de Pead, o curso oferece aulas presenciais (em cinco pozlos) e muito material virtual para que todos se familiarizem com os recursos da internet (como wiki e blog) e alguns programas de troca de mensagens (como MSN, Skype e e-mail). As Secretarias Municipais de Educação de Alvorada, Gravataí, Sapiranga, São Leopoldo e Três Cachoeiras cedem espaço e equipamentos para as atividades presenciais – e disponibilizam ônibus para levar os professores aos laboratórios.
Quatrocentos professores cursam o Pead, que pode ser transformado num curso regular, oferecido pela universidade. “Nossos materiais digitais não têm a linearidade dos impressos e, por isso, provocam os alunos a interagir. Assim, mais rapidamente eles passam a aplicar com as crianças o que aprenderam”, explica Rosane de Nevado, coordenadora do curso.

Luciene Sobotyk, professora da EMEF Deputado Victor Issler, em Porto Alegre, é uma das alunas do curso. “Ele me encorajou a incorporar a tecnologia às atividades que desenvolvo em sala de aula”, diz. Um exemplo é o projeto que implantou na classe do 2º ciclo (uma turma de progressão que reúne crianças de 11 a 15 anos com dificuldades de aprendizagem). “Montei as tarefas junto com duas colegas, de outras escolas, para trabalhar os conteúdos de Língua Portuguesa, especialmente a produção de texto. Como a garotada tem animais de estimação, pedimos para eles trocarem informações sobre os mascotes, usando ferramentas tecnológicas”, conta. “Começamos com uma troca de e-mails.

Depois, decidimos registrar todas as etapas do trabalho em fotos e vídeos, que vão para o ar num blog, que acabamos de criar. E ainda estamos estudando formas de incluir o uso do Skype como uma das tarefas”, completa.
=== PARTE 2 ====


Teoria da carga cognitiva

CINTED-UFRGS Novas Tecnologias na Educação


A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DA TEORIA DA CARGA COGNITIVA EM
UMA EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA.

Leila Maria Araújo Santos – Ulbra/SM, PGIE/CINTED/UFRGS

leilamas@terra.com.br

Liane Margarida Rockenbach Tarouco – CINTED/UFRGS

liane@penta.ufrgs.br

Resumo: Este artigo descreve a importância do estudo da Teoria da Carga Cognitiva e
as contribuições desse para a sociedade contemporânea, que diariamente incorpora
novos recursos tecnológicos à educação. Este relato aponta os cuidados que se deve ter
ao escolher uma solução tecnológica para apoio a educação, para que esse recurso vá ao
encontro do processo cognitivo humano e colabore para um aporte de qualidade ao
processo de aprendizagem.

Palavras-chave: Teoria da Carga Cognitiva, objetos de aprendizagem.

Abstract: This article describes the importance of the study of the Theory of the
Cognitive Load and the contributions of that for the contemporary society, that daily
incorporates new technological resources to the education. This report points the cares
that one should have when choosing a technological solution for support the education,
for that resource to go to the encounter of the human cognitive process and collaborate
for a quality contribution to the learning process.

Keywords: Cognitive Load Theory, learning objects.

V. 5 Nº 1, Julho, 2007


CINTED-UFRGS

Novas Tecnologias na Educação
1 A sociedade e a tecnologia

A história do homem com a natureza é um estado permanente de luta para
produzir objetos que transponham as dificuldades impostas pelas forças naturais. O uso
e a fabricação dos mais diferentes instrumentos fez o homem entrar numa dança entre as
necessidades naturais e sua própria satisfação.

Essa relação entre necessidades e satisfação, do individual ou do coletivo, marca
a história do desenvolvimento tecnológico.

No atual estágio de desenvolvimento tecnológico da sociedade contemporânea,
as mudanças processam-se em uma velocidade muito grande. Estas mudanças estão
ocorrendo no mundo inteiro e em todas as áreas, como afirma Moran: “a sociedade está
mudando em todos os países, em todas as instituições, em todos os campos” (2001,
p.49).

As transformações sociais, culturais e econômicas, que a evolução tecnológica
vem causando ao longo da história, estão muito bem retratadas no livro de Alvin
Toffler, “A terceira Onda” (l980). O autor, há mais de vinte anos, narrou as mudanças
ocorridas na humanidade, provocadas pelo desenvolvimento tecnológico, explicando-as
como ondas de desenvolvimento.

As tecnologias estão cada vez mais presentes em todos os setores de atividades
profissionais, tais como, industrial, comercial, agrícola e dos serviços, da administração,
do lazer entre outras. Fazem-nos ganhar consciência de alterações significativas, por
exemplo, nos conceitos de espaço (que está encurtado) e de tempo (que está muito
acelerado), de centro e de periferia (que se aproximam potencialmente), de vizinhança
(que já não se restringe apenas ao prédio, à rua, ao bairro ou à zona em que habitamos
ou trabalhamos), de público e de privado (que se perpassam cada vez mais nos nossos
quotidianos). As tecnologias, nesta perspectiva, e pela sua universalidade, não são
apenas instrumentos de trabalho, de pesquisa ou de comunicação. Elas contribuem para
a nossa transformação como humanos e, portanto, para uma alteração profunda na nossa
autocompreensão e das relações humanas.

O momento atual reveste-se, deste modo, de grande complexidade apresentando
contradições e paradoxos inquietantes. Isso requer, sobre tudo, a necessidade de novos
conhecimentos. Uma busca constante por orientações, procedimentos, qualificação, que
também, exigem uma maior atenção sobre os processos de interação com a tecnologia.

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Os quais estão alterando as relações afetivas, de negócios, trabalhos, e em especial a
educação.

Este é um enorme desafio para a educação e, em particular, para os professores,
podendo-se falar da necessidade de uma mudança do paradigma educacional frente a
uma educação tecnológica que já se afirma como realidade.

No uso de tecnologias na educação, a qualidade dos recursos de aprendizagem,
das situações que se criam, dos ambientes que se desenvolvem, são essenciais para a
ampliação do processo de aprendizagem, do envolvimento e da capacidade de interação
dos alunos.

Atualmente, um grande número de recursos tecnológicos e midiáticos
encontram-se a disposição da educação, mas muitos desses recursos ao invés de agregar
qualidade ao processo de ensino e aprendizagem, acabam confundindo, desestimulando
ou até mesmo dispersando a atenção dos alunos. Saber escolher, ou construir, um
recurso tecnológico que venha ao encontro de uma boa educação passa a ser um desafio
para todos os elementos envolvidos na educação de uma geração ávida por todo o tipo
de tecnologia.

Diante do volume de informações, dos recursos de interação, de animação, de
sons e cores, os quais, muitas vezes, fazem parte das soluções usadas na educação,
torna-se importante um conhecimento mais amplo sobre o processo cognitivo humano e
de como a Teoria da Carga Cognitiva pode ajudar a potencializar a aprendizagem.

2 O processo cognitivo humano e a Teoria da Carga Cognitiva.

Segundo Nunes & Giraffa (2003), o processo cognitivo humano refere-se ao
estudo do processamento humano de informações, ou seja, o estudo de como os seres
humanos percebem, processam, codificam, estocam, recuperam e utilizam as
informação. A estrutura cognitiva humana inclui três sistemas de memória: a memória
sensorial, a memória de curta duração e a memória de longa duração, as quais trabalham
juntas.

V. 5 Nº 1, Julho, 2007


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Estudos publicados, por George Miller, em 1956, referiam-se a um “número
mágico” 7 ± 2. Sobre o qual, o sistema cognitivo humano somente consegue processar
um número limitado de informações que variam entre 5 a 9 elementos por vez, ou seja,
consegue-se assimilar, de maneira natural e satisfatória, de cinco a nove elementos de
informação por vez. Uma vez excedidos esses limites, o raciocínio e a aprendizagem
ficam abaixo do desempenho esperado, sobrecarregando a estrutura cognitiva.

Partindo desse pressuposto, pesquisas foram conduzidas por mais de 25 anos,
nos quais, com o aporte de pesquisadores internacionais, vem-se expandindo e
refinando a regra do 7 ± 2, chegando-se, atualmente, a um conjunto compreensível de
princípios chamado de Teoria da Carga Cognitiva.

Essa teoria é devida a John Sweller (2003), psicólogo australiano, que dedica-se
ao estudo dessa teoria que tem por definição ser um conjunto universal de princípios
que resultam em um ambiente de aprendizagem eficiente e que conseqüentemente
promovem um aumento na capacidade do processo de cognição humana. Princípios
estes que tem como objetivo tornar a interação humana com a tecnologia mais alinhada
ao processo cognitivo.

Ela baseia-se em dezenas de estudos e pesquisas experimentais, que comprovam
que os usos de seus princípios resultam em ambientes de aprendizagem eficientes e,
assim, conduzem a uma aprendizagem competente e melhor. Um ambiente de
aprendizagem apropriado, de acordo com princípios da Teoria da Carga Cognitiva,
minimiza recursos mentais desnecessários, e em troca disso, coloca-os para trabalhar de
modo a maximizarem a aprendizagem.

Essa teoria aplica-se a todos os tipos de conteúdos, todos os tipos de mídias, e à
todos os estudantes, visto que, ela tem como fim saber como elabora-se as ferramentas
de ensino – texto, imagens e áudio – e aplicá-las à todo o conteúdo de ensino, bem
como, as plataformas de aprendizagem a distância, no intuito de potencializar a
aprendizagem e desenvolver habilidades flexíveis através da criação e uso de recursos e
ambientes de aprendizagem que estejam em sintonia com processo cognitivo humano.

Segundo Sweller (2003), a aprendizagem se dá de maneira melhor quando o
processo de informação estiver alinhado com o processo cognitivo humano, ou seja,
quando o volume de informações oferecidas ao aluno for compatível com a capacidade

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de compreensão humana. Assim a Teoria da Carga Cognitiva, apóia-se na
impossibilidade natural do ser humano em processar muitas informações na memória a
cada momento.

Segundo Mayer (2001), em aplicações multimídias, normalmente, faz-se uso de
recursos que utilizam mais de um canal de percepção ao mesmo tempo, como por
exemplo, visão e audição, gerando sobrecarga cognitiva que pode levar a desorientação,
e até mesmo, ao desestimulo do usuário.

Algumas formas de carga cognitiva são consideradas úteis, enquanto outras
desperdiçam recursos mentais. Segundo Mayer (2001b), na elaboração de conteúdos
para materiais de ensino, deve-se levar em consideração os três principais tipos de carga
cognitiva, que são: Carga cognitiva intrínseca (imposto pela complexidade do
conteúdo do material de ensino), Carga cognitiva natural (Relevante) (imposto pelas
atividades de ensino que beneficiam o objetivo da aprendizagem), Carga cognitiva
externa ao conteúdo (Irrelevante) (não interfere na construção e automação de
esquemas, e, conseqüentemente desperdiça recursos mentais limitados que poderiam ser
usados para a auxiliar a carga natural)

Intrínseca, natural e externa ao conteúdo, as formas de cargas cognitivas são
adicionais. Tendo em vista que a capacidade mental é limitada, para uma aprendizagem
de boa qualidade torna-se necessário um balanceamento dessas cargas, para que o
processo de aprendizagem atinja um bom nível de eficiência, como mostra a Figura 1.

APRENDIZAGEMEFICIENTE
REDUÇÃO DA
CARGA
INCREMENTO
DA CARGA
GERENCIAMEN
TO DA CARGA
INTRINSECA
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Figura 1. Modelo de balanceamento das cargas cognitivas (Modelo Adaptado de
Mayer (2001b)).

Quando não se pode controlar a carga intrínseca associada com os objetivos da
aprendizagem, pode-se controlá-la segmentando e arranjando em seqüência o conteúdo
de maneira que otimize a quantidade de elementos interativos a qualquer tempo. Por que
interatividade significa que diversos elementos do conhecimento devem ser
coordenados na memória do aluno para realização de em uma série de atividades e isto
pode causar –lhe sobrecarga.

A Teoria da Carga Cognitiva defende que a elaboração de materiais didáticos,
principalmente os que utilizam multimídia, deve seguir alguns princípios para, assim,
diminuir a sobrecarga cognitiva do aluno e potencializar seu aprendizado. São
princípios defendidos por esta teoria:

Princípio de Representação Múltipla: os alunos aprendem melhor quando se
combinam palavras e imagens, do que no momento em que se usam somente palavras.

Princípio de Proximidade Espacial: esse princípio diz respeito à proximidade
de palavras e imagens, ou seja, é quando palavras e imagens correspondentes estão
próximas em vez de afastadas.

Princípio da Não Divisão ou da Proximidade Temporal: nesse princípio tem-
se a apresentação de palavras e imagens simultaneamente em vez de sucessivamente,
uma vez que a apresentação de um texto e de uma animação na mesma tela divide a
atenção do aluno.

Princípio das Diferenças individuais: sabe-se que estudantes com maior nível
de conhecimento, sobre um determinado assunto e com grau maior de orientação
espacial possuem maiores condições de organizar e processar seu próprio conhecimento
ao interagir com o assunto.

Princípio da Coerência: refere-se à exclusão de palavras, imagens ou sons não
relevantes para o assunto. Quanto mais simples e objetiva for à apresentação do
conteúdo, mais livre ficará a memória de trabalho para processar um número maior de
conhecimentos.

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Princípio da Redundância: nesse princípio, ressalta-se que o uso da animação
e narração, quando usadas simultaneamente no processo de ensino, potencializa o
conhecimento, diferente de quando usadas separadamente.

Estes princípios foram elaborados por Richard Mayer, professor pesquisador da
Universidade de Califórnia, Santa Bárbara, dando continuidade à pesquisa sobre a
Teoria da Carga Cognitiva de Sweller, e provaram minimizar as sobrecargas cognitivas,
potencializando, assim, o processo cognitivo de aprendizagem.

3 A Importância do Estudo da Teoria da Carga Cognitiva para uso na educação

Em uma sociedade competitiva, na qual interage-se diariamente com os mais
variados recursos tecnológicos, seja em casa, no trabalho ou no lazer, e a valorização do
conhecimento está cada vez mais significativa, pode-se fazer uso dos princípios da
Teoria da Carga Cognitiva para potencializar o processo de aprendizagem e de interação
com a tecnologia.

Não é apenas a educação que se defronta com novas tecnologias: essas estão
impactando todo o universo social, e gerando novas dinâmicas, nas quais, o
conhecimento torna-se gradativamente central. A transformação envolve praticamente
todas as áreas de atividade, economia, política, cultura, a própria organização do tecido
social e de relações, além de provocar uma mudança radical na utilização de um recurso
não-renovável, o tempo.

A importância do estudo justifica-se no momento em que a sociedade, e os
sistemas de gestão do conhecimento que se desenvolvem em torno dela, necessitam
aprender a utilizar as novas tecnologias para transformar a educação, na mesma
proporção em que estas tecnologias estão transformando o mundo que nos cerca. A
transformação é de forma e de conteúdo.

Tendo como foco a aprendizagem de seus alunos, os professores que trabalham
com tecnologia e contam com os mais variados recursos de interação, tais como,
Internet, jogos, objetos de aprendizagem, podem-se valer da Teoria da Carga Cognitiva
como um subsídio na escolha dos recursos mais apropriados para sua prática
pedagógica. Fazendo assim, uma seleção de recursos que contribuam com o
aprendizado de seus alunos. Transformando a interação com a tecnologia além de algo

V. 5 Nº 1, Julho, 2007


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moderno e motivador, em um elemento que realmente potencialize os processos
cognitivos dos alunos.

Atualmente, fala-se muito do uso de objetos de aprendizagem na educação.
Segundo Wiley (2002), esses são elementos de um novo tipo de instrução baseada em
computador, construído sobre o paradigma da orientação a objetos da ciência da
computação. Eles permitem aos desenvolvedores a construção de pequenos
componentes instrucionais, modulares, os quais podem ser reutilizados em diferentes
contextos de aprendizagem. Os objetos de aprendizagem são visto, por pesquisadores e
professores, como um recurso dinâmico e interativo que proporciona um maior interesse
de alunos ao processo educacional.

Pensando em popularizar o uso desses objetos, foram criados no Brasil vários
repositórios de acesso livre, tais como o Rived (Rede Internacional Virtual de
Educação) do Ministério da Educação, o Cesta (Coletânea de Entidades de Suporte ao
uso da Tecnologia na Aprendizagem) da UFRGS, onde os interessados podem ter
acesso a objetos desenvolvidos sobre variados temas.

No entanto, mesmo o professor tendo acesso a esses objetos, é preciso que o
mesmo tenha conhecimentos para avaliar o grau de carga cognitiva presente no recurso
escolhido e as reais contribuições que o uso desse fará em sua prática em sala de aula.
Ou, até mesmo, saber se dá maneira como o assunto está sendo apresentado irá
potencializar o processo cognitivo do seu aluno.

Recursos multimídia e com interatividade são vistos por professores como forma
de motivar o aluno para uma aprendizagem mais eficaz. No entanto, segundo Sweller
(2005), em alguns ambientes, estes fatores podem distrair o aluno e causar um impacto
negativo no processo de aprendizagem, resultando num aumento da carga cognitiva, ou
seja, da quantidade de recursos cognitivos alocados para a realização de uma tarefa
específica.

Estudos mostram que a carga cognitiva é um fator sempre presente na interação
do homem com o computador, porque cada um dos elementos ou dos objetos da tela
deve ser interpretado pelo usuário e conseqüentemente ocupa alguma energia mental do
usuário. O importante é saber escolher um recurso que apresente uma carga reduzida e
que possa maximizar o processamento do conhecimento que está sendo ensinado.

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Em uma análise realizada em objetos de aprendizagem, disponíveis na Internet,
verificou-se em muitos deles um cuidado com o layout
e com o conteúdo apresentado.
Em sua maioria são bastante lúdicos e intuitivos, mas seguindo os princípios da Teoria
da Carga Cognitiva, apresentam sobre-posição de elementos, o que leva a sobrecarga
cognitiva, e como resultado um baixo desempenho do processo cognitivo.

Alguns apresentam carga cognitiva externa, que é a carga cognitiva
relacionada a elaboração do objeto, causada pela superposição de texto e a narração do
mesmo, o que segundo a teoria causa uma sobrecarga cognitiva em função de ocupar
dois canais de percepção (visão e audição) ao mesmo tempo e com informações
redundantes, o que pode interferir negativamente no processo de aprendizagem.
Também se verificou a presença de uma sobrecarga, causada pela narração contínua de
atividades, ou seja, a narração não é interrompida quando é selecionada outra atividade,
ficando a narração da atividade anterior como pano de fundo de outra atividade, o que
pode causar confusão no aluno.

Percebe-se, também, que em alguns objetos de aprendizagem a carga cognitiva
é intrínseca, ou seja, relacionadas com o conteúdo apresentado, pois, em alguns casos,
existe um excesso de informações redundantes, e, também, atividades que não oferecem

o feedback
aos alunos, o que pode induzi-los a achar que realizaram acertadamente as
atividades.
Segundo Tarouco (2006), a carga cognitiva externa pode ser minimizada pelo
projetista do objeto, observando os princípios da teoria, já que em uma interface
complexa ou não-convencional que usa diferentes fontes, objetos, ferramentas da
navegação, e padrões de layout
terá geralmente uma carga cognitiva elevada porque
cada componente necessitará ser percebido e interpretado pelo aprendiz. Uma interface
que use convenções padrão no texto, gráficos, navegação e layout
será mais facilmente
interpretada e conseqüentemente terá uma carga cognitiva muito mais baixa. Já a carga
cognitiva interna, derivada do conteúdo em si, depois do objeto de aprendizagem pronto
não pode ser reduzida, a não ser pela segmentação do material contido em um objeto de
aprendizagem.

Também é necessário avaliar de forma apropriada à combinação dos diversos
tipos de mídia disponibilizados pela tecnologia. Estudos recentes mostram que o sistema
de cognição humana dispõe de entradas independentes para a informação visual e para a

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verbal. E ao se fazer uso de dois canais de percepção independentes no processo de
ensino e aprendizagem, a carga cognitiva pode ser reduzida.

Segundo Mayer (2002), a redução da carga em decorrência do uso de dois canais
de percepção ocorre apenas quando a informação presente nas diferentes modalidades
não é redundante, pois ao contrário a carga cognitiva aumenta, ou seja, o uso de dois
canais de percepção com objetivos complementares, como por exemplo, uma imagem e
a narração de um texto, e não com objetivo de repetição, como por exemplo, um texto
escrito e a narração do mesmo.

O objetivo de um bom layout
para uso educacional é reduzir a quantidade de
energia direcionada à interação com o sistema, liberando assim a capacidade cognitiva
para o processamento do que está sendo ensinado.

4 Considerações Finais

Os materiais educacionais que fazem uso de recursos digitais freqüentemente
sobrecarregam a memória de trabalho dos aprendizes e dificultam a aquisição de
esquemas que requer reflexão. Uma análise baseada nos princípios da Teoria da Carga
Cognitiva só reforça a idéia de que os recursos tecnológicos por mais atraente que
possam parecer, nem sempre estão de acordo com o processo cognitivo humano e por
isto nem sempre qualificam o processo de aprendizagem. Por isso, esse artigo destaca a
necessidade de uma maior divulgação da Teoria da Carga Cognitiva à educadores para
que possam fazer uso da tecnologia na educação mais adequada ao desenvolvimento
educacional de seus alunos.

O estudo da Teoria da Carga Cognitiva serve como base para o desenvolvimento
de tese de doutorado em Informática na Educação a qual que tem como objetivo aliar os
princípios dessa teoria ao planejamento, elaboração e análise de recursos tecnológicos
de apoio à educação.

5 Bibliografia

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CINTED-UFRGS Novas Tecnologias na Educação


CARVALHO, Ana A.A. A Teoria da Flexibilidade Cognitiva na Formação à
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http://event.ua.pt/1siie99/espanhol/pdfs/comunicacao03.pdf.> Acessado em 08 maio de
2006.

MAYER, Richard. Multimedia Learning. Cambridge: Cambridge University Press.
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Nº 1, 187-198. 2001b.

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MORAN. José M. Novos desafios na educação: a internet na educação presencial e
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comunicação. Pelotas: Ed. Universitária, 2001.

NUNES, Marcelo; GIRAFFA, Lúcia. A educação na ecologia digital.
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SWELLER, John. Cognitive Load Theory: A Special Issue of educational
Psychologist”. LEA, Inc, 2003.

SWELLER, J.; MERRIENBOER, J. Cognitive Load Theory and Complex Learning:

Recent Developments and Future Directions. Educational Psychology Review, V.17,

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TAROUCO, L; Cunha, S. Aplicação de teorias cognitivas ao projeto de objetos de

aprendizagem. V. 4 Nº 2, Dezembro, 2006. CINTED/UFRGS. Porto Alegre-RS.
Disponível em < http://www.cinted.ufrgs.br/renote/dez2006/artigosrenote/25025.pdf >
Acesso junho de 2007.

WILEY, D. The instructional use of learning objects. 2002. Disponível em:

. Acesso em Março de 2007.

V. 5 Nº 1, Julho, 2007


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Formação mostra como explorar jogos na Educação Física para além da recreação ou da técnica | Educação Física | Nova Escola

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:: Interdidática 2010

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Como organizar as turmas? Veja se você concorda!

Assim não dá! Classificar por desempenho e separar as turmas
Grupos heterogêneos que trabalham com interação têm melhores resultados
Ilustração: Thiago Cruz
Ilustração: Thiago Cruz
Escolas grandes, muitas turmas da mesma série: 3ª A, 3ª B, 3ª C e assim por diante. Se essa nomenclatura serve apenas para diferenciar os agrupamentos, nada contra. Acontece que algumas unidades escolares ainda usam o abecedário para criar uma hierarquia e classificar os alunos: nas turmas A são colocados os que, no ano anterior, tiveram as melhores notas e passaram com louvor; nas B, os com desempenho mediano; nas C, aqueles com "dificuldades de aprendizagem"; e da D em diante, os "desacreditados" pelos professores e diretores que fazem esse tipo de divisão.

Essa maneira de montar turmas há muito deixou de ser bem-vista. Ela servia a um sistema que acreditava ser possível a existência de grupos homogêneos, em que alunos com nível de aprendizagem semelhante avançariam no mesmo ritmo. Os estudos de diversos psicólogos e educadores, como o russo Lev Vygotsky (1896-1934) e o suíço Jean Piaget (1896-1980), desmontaram esse mito. Eles mostraram que a aprendizagem é algo individual e interno ao sujeito. A interação entre os pares com saberes e vivências diferentes, se bem explorada pelos professores, tem mais eficiência durante o processo de aquisição do conhecimento do que a maneira tradicional de "passar" informações para os alunos. "Às vezes, uma ajuda dada por um colega é mais facilmente assimilável para a criança do que a dada pelo professor", afirma Regina Scarpa, coordenadora pedagógica de NOVA ESCOLA GESTÃO ESCOLAR.

Ao rotular os alunos em "fortes" e "fracos", a separação das turmas por desempenho acaba prejudicando aqueles que mais precisam do estímulo da escola. "As crianças e os jovens sentem e prestam muita atenção na expectativa que a escola e os pais criam em relação a eles e a frustração ou a confirmação dessa expectativa pode influenciar diretamente a aprendizagem", explica Regina.

Por isso, é tarefa do diretor e do coordenador pedagógico garantir que a montagem das turmas não leve a uma segregação dentro da própria escola e providenciar formação para que os professores usem de maneira adequada a heterogeneidade a favor da aprendizagem.
Fonte: Site Nova Escola

Entrevista com Marcos Neira sobre o papel da Educação Física nas escolas

Entrevista com Marcos Neira sobre o papel da Educação Física nas escolas
Para o especialista da Universidade de São Paulo, a função da disciplina é investigar como os grupos sociais se expressam pelos movimentos
Foto: Marina Piedade
MARCOS GARCIA NEIRA  "As aulas de esportes, jogos, lutas e danças não se esgotam na prática. É preciso refletir sobre essas manifestações para entendê-las de fato." Foto: Marina Piedade
De todas as disciplinas do Ensino Fundamental, provavelmente a Educação Física foi a que sofreu transformações mais profundas nos últimos tempos. Mudanças pedagógicas e na legislação fizeram com que até mesmo sua missão fosse questionada. Se até a década de 1980 o compromisso da área incluía a revelação de craques e a melhoria da performance física e motora dos alunos (fazê-los correr mais rápido, realizar mais abdominais, desenvolver chutes e cortadas potentes), hoje a ênfase recai na reflexão sobre as produções humanas que envolvem o movimento. Se antes o currículo privilegiava os esportes, hoje o leque se abre para uma infinidade de manifestações, da dança à luta, das brincadeiras tradicionais aos esportes radicais. Ecos da perspectiva cultural, que domina pesquisas e ganha cada vez mais espaço nas escolas.
Mais sobre Educação Física
Considerado um dos principais investigadores dessa tendência, o professor Marcos Garcia Neira, da Universidade de São Paulo (USP), defende que a principal função da Educação Física escolar é analisar a diversidade das práticas corporais da sociedade - mesmo as consideradas mais polêmicas, como danças do tipo funk e axé. Amparado por 17 anos de docência na Educação Básica e pela participação na elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio e das Orientações Curriculares do município de São Paulo, Neira discute essa questão provocadora e avalia os principais desafios da disciplina.

Por que a Educação Física mudou tanto nos últimos anos? 
MARCOS GARCIA NEIRA Foi uma mudança que acompanhou uma série de outras transformações. Na sociedade, grupos que não tinham sua voz ouvida ganharam espaço, o que impactou o currículo. A escola, antes voltada apenas para o conhecimento acadêmico ou a inserção no mercado, passou a visar a participação do aluno em todos os setores da vida social, o que mexeu com os objetivos da área. E a própria legislação, que desde a década de 1970 apontava um compromisso com a melhoria da performance física e a descoberta de talentos esportivos, foi substituída em 1996 pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que propõe que a Educação Física seja parte integrante da proposta pedagógica da escola.

Na prática, quais foram as principais transformações? 
NEIRA Eu acredito que a Educação Física passou a ser reconhecida como um componente importante para a formação dos alunos. Antes, eram comuns as aulas fora do período regular, as dispensas por motivos médicos ou a substituição por atividades pouco relacionadas com a área, como conselhos de classe, por exemplo. Tudo isso colaborou para construir, na cabeça de alunos e professores, a representação de uma disciplina alheia ao projeto escolar, que servia apenas como recreação ou passatempo e não tinha nenhum objetivo pedagógico. Hoje, essa concepção não é mais dominante.

Qual é o objetivo da Educação Física escolar hoje? 
NEIRA É o mesmo objetivo da escola: colaborar na formação das pessoas para que elas possam ler criticamente a sociedade e participar dela atuando para melhorá-la. Dentro dessa missão, cada disciplina estuda e aprofunda uma pequena parcela da cultura. O que a Educação Física analisa é o chamado patrimônio corporal. Nosso papel é investigar como os grupos sociais se expressam pelos movimentos, criando esportes, jogos, lutas, ginásticas, brincadeiras e danças, entender as condições que inspiraram essas criações e experimentá-las, refletindo sobre quais alternativas e alterações são necessárias para vivenciá-las no espaço escolar.

Como deve ser uma aula ideal? 
NEIRA Certamente não deve ser a do tipo "desce para a quadra, corre, corre, corre, sua, sua, sua e volta para a sala". A Educação Física proposta na escola não pode ser a mesma proposta em outros espaços. Se é apenas para o aluno se divertir, existem lugares para isso - ginásios públicos e centros comunitários, por exemplo. Se é somente para aprender modalidades esportivas, melhor procurar um clube ou uma academia. A escola não serve para formar atletas, mas para refletir e entender as manifestações culturais que envolvem o movimento.

Um exemplo concreto: como abordar o futebol nessa perspectiva? 
NEIRA O trabalho pode começar com a turma experimentando jogar futebol, mas não pode parar por aí. A vivência de qualquer modalidade na escola exige reflexão e adaptação. Propondo uma pesquisa, é possível levar os alunos a conhecer outros tipos de futebol - de campo, de quadra, de areia, feminino -, conhecer quem pratica o esporte hoje, como se jogou no passado e como se pode jogar na escola. É importante que eles saibam, por exemplo, que o esporte já foi praticado sem juiz, que os atletas não tinham números na camisa e que o pênalti era cobrado de outra maneira. Com base nessas informações, voltam à prática já atentos a novas questões: é preciso arbitrar os jogos? Como fazer meninos e meninas participar simultaneamente? E as crianças com deficiência?

Apesar de a disciplina ter se tornado mais reflexiva, as atividades práticas continuam sendo importantes? 
NEIRA É claro. A vivência segue sendo fundamental porque é somente por meio dela que a turma sente a necessidade de fazer adaptações, algo presente em todas as modalidades. Afinal, elas se transformam conforme "conversam" com a sociedade. O voleibol, por exemplo, mudou seu sistema de pontuação principalmente para se adaptar às transmissões de TV. Essa lógica vale para todas as manifestações corporais, mesmo as mais lúdicas. Quando alguém brinca de pega-pega na rua, brinca de certo jeito. Quando vai brincar com 35 crianças na escola, precisa adaptar a atividade para que ela funcione.

Campeonatos e festivais esportivos continuam tendo espaço? 
NEIRA Particularmente, acho que montar uma seleção com seis a 12 alunos e deixar 300 sem aula para disputar uma competição é fabricar adversários. Não podemos partir do pressuposto de que um pequeno grupo vai ser privilegiado e participar da atividade enquanto a maioria vai apenas torcer, ou nem isso. Agora, se os educadores consideram a competição algo importante, é possível, sim, organizar eventos, mas de uma perspectiva diferente. Sugiro, por exemplo, combinar de levar uma turma de 5ª série para jogar com a de uma escola próxima, negociar regras, fazer todo mundo participar da experiência e realizar uma avaliação conjunta depois, discutindo o que os jovens acharam da atividade e como melhorá-la numa próxima vez.

Como lidar com crianças que demonstram especial habilidade em alguma modalidade esportiva? 
NEIRA Devemos estimulá-las a prosseguir. Entretanto, o lugar para continuar com o trabalho não pode ser a escola, mas instituições especializadas para a prática esportiva. A escola tem como função ajudar a compreender o mundo e sua cultura. Não há como desenvolver um projeto esportivo se o que se pretende é contemplar todos os alunos.

Alguns países, como Estados Unidos e Inglaterra, usam as escolas como base para revelar atletas. Isso pode ser uma alternativa para o Brasil? 
NEIRA O incentivo ao esporte visando a participação em eventos internacionais já foi a política oficial da Educacão Física em nosso país na década de 1970. Não deu certo. Ainda que algumas nações vejam na disciplina uma forma de aprimorar o desenvolvimento motor e físico, esse enfoque competitivo e as atividades de treinamento costumam ocorrer em momentos extra-aula.

Como saber quais esportes, jogos, lutas, danças e brincadeiras devem fazer parte do currículo? 
NEIRA O ponto de partida é sempre o diagnóstico inicial. O interessante é que esse mapeamento do patrimônio cultural corporal da turma - as práticas ligadas ao movimento que os alunos conhecem ou realizam - revela uma realidade mais diversificada do que imaginamos. A garotada brinca de esconde-esconde, conhece skate pela TV, tem algum parente que pratica ioga e conhece malha ou bocha porque os idosos jogam na praça. É possível ainda fazer outros mapeamentos. O professor pode passear pelo bairro observando manifestações corporais e equipamentos esportivos. Há academias ou ruas de caminhada, por exemplo?

Mas é preciso escolher algumas práticas no meio de tanta diversidade. Como fazer isso? 
NEIRA Antes de mais nada, é fundamental ter em mente as finalidades do projeto pedagógico da escola - devemos lembrar que a Educação Física não pode ser uma prática alienada. Além disso, a perspectiva cultural da disciplina considera quatro princípios importantes na definição do currículo. O primeiro é que a matriz de conteúdos deve dialogar com todos os grupos que compõem a sociedade - e trabalhar só com esportes modernos contradiz esse princípio. O segundo é a noção de que o aluno precisa enxergar na sociedade as manifestações que está estudando. O terceiro é entender e respeitar as possibilidades de cada estudante, evitando, por exemplo, as avaliações por performance. E o quarto é o professor repensar constantemente a própria identidade cultural para aperfeiçoar o currículo.

Qual deve ser a postura da escola quando a cultura corporal dos alunos inclui danças como o funk e o axé? 
NEIRA Não devemos fechar os olhos para essas manifestações, pois podem ser danças que os estudantes cultuam fora da escola. Isso não significa que devemos ficar apenas com aquilo que eles conhecem. Se o professor focar só os aspectos superficiais do funk e do axé, ensaiando coreografias, por exemplo, não estará cumprindo seu papel. Por outro lado, um trabalho crítico ajuda as crianças a analisar e interpretar o que são essas danças, contribuindo para que elas conheçam a própria identidade cultural e entendam quem são. A chamada cultura de chegada dos estudantes é um bom ponto de partida para um trabalho em direção a uma cultura mais ampla. A escola deve sempre fazer essa ponte entre o repertório conhecido e o desconhecido.

Como isso funciona na prática? 
NEIRA É preciso transformar o conhecimento dos alunos em objeto de análise e investigação pedagógica. Considero válido, por exemplo, um projeto que aborde o funk e o axé no contexto de outras danças contemporâneas, estudando as letras, entendendo o que está embutido nelas, as práticas interessantes ou desinteressantes que acompanham essas manifestações. Em seguida, é possível convidar dançarinos ou trazer vídeos para apresentar outras danças, ampliando o repertório da turma. É um trabalho multicultural porque considera diversos tipos de prática corporal, mas é um multiculturalismo crítico porque questiona e analisa cada uma delas.

Como desenvolver o senso crítico? 
NEIRA Comparando, indagando e aprofundando conteúdos para que a turma reflita. Depois de pular amarelinha, pense por que existem as "casas" do céu e do inferno. Durante o estudo dos exercícios físicos, reflita por que a academia se transformou numa espécie de espaço sagrado da saúde se as qualidades físicas alcançadas por lá também são obtidas, de graça, no parque. Uma Educação Física que trabalha apenas com o movimento não constrói esse senso crítico.
Quer saber mais?
CONTATO 
Marcos Garcia Neira

BIBLIOGRAFIA 
Cultura Corporal: Diálogos entre Educação Física e Lazer, Marcos Garcia Neira e Ricardo Ricci Uvinha, 88 págs., Ed. Vozes, tel. (24) 2233-9000, 14,80 reais 
Ensino de Educação Física, Marcos Garcia Neira, 232 págs., Ed. Thomson Learning, tel. (11) 3665-9900, 39,90 reais
Pedagogia da Cultura Corporal: Crítica e Alternativa, Marcos Garcia Neira e Mario Luiz Ferrari Nunes, 296 págs., Ed. Phorte, tel. (11) 3141-1033, 29 reais 



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