domingo, 29 de maio de 2011

Presas em casa, crianças estão mais fracas

 

 O Globo

RIO - Uma infância dominada por videogames, TV e computadores está deixando toda uma geração de crianças mais fraca, como comprovou, pela primeira vez, uma pesquisa realizada no Reino Unido. O estudo, liderado por Gavin Sandercock, especialista em educação física de crianças da Universidade de Essex, comparou em 2008 o desempenho em atividades comuns de um grupo de 315 meninos e meninas britânicos de 10 anos com o de outro grupo de 309 da mesma idade em 1998 e constatou que a nova geração não consegue realizar os exercícios com a mesma facilidade ou desempenho.

De acordo com o artigo publicado no periódico "Acta Paediatrica", as crianças de 2008 fizeram menos abdominais, foram menos capazes de sustentar o peso do próprio corpo segurando uma barra e apresentaram força menor nos braços e na empunhadura do que as avaliadas 10 anos antes. Segundo os pesquisadores, as crianças da nova geração realizaram um número 27,1% menor de abdominais; tiveram uma queda de 26% na força dos braços e de 7% na empunhadura; e uma em dez não conseguiu se segurar na barra e sustentar o próprio peso, contra uma em cada 20 em 1998.

- Isso provavelmente é fruto de mudanças nos padrões de atividades das crianças de 10 anos, como participar menos de exercícios de subida em cordas nas aulas de educação física nas escolas e trepar em árvores apenas por diversão - disse Sandercock. - Estas atividades tipicamente aumentavam a força das crianças, fazendo com que elas fossem, por exemplo, capazes de levantar e sustentar seu próprio peso corporal.

O fato de 10% das crianças não terem conseguido passar pelo teste da barra e de outros 10% nem terem tentado foi "realmente chocante", reconheceu o pesquisador:

- Isso provavelmente mostra que escalar e segurar o próprio peso era algo que elas nunca tinham feito antes.

Pesquisas anteriores já haviam demonstrado que as crianças estavam ficando com uma forma física pior, menos ativas e mais sedentárias, e, em muito casos, mais pesadas. Mas o novo estudo também revelou que, em média, a geração de 2008 tinha o mesmo índice de massa corporal daquela da década anterior. Para Daniel Cohen, da Universidade Metropolitana de Londres e outro autor do artigo, isso significa que, dada a queda na força, os corpos das crianças do grupo mais recente têm mais gordura e menos músculos do que os das crianças do grupo anterior.

- Isso é realmente preocupante do ponto de vista da saúde delas - considerou. - Se, por um lado, é uma boa notícia que o índice de massa corporal não tenha aumentado, por outro é ruim saber que, quilo por quilo, elas estão provavelmente carregando mais gordura.

Diante dos resultados, os cientistas querem que o governo britânico diminua sua confiança no Programa Nacional de Medição de Crianças, que faz um levantamento regular do índice de massa corporal dos alunos do ensino fundamental do Reino Unido, e comece a realizar testes físicos nas escolas do país.

- Trepar em árvores e subir cordas costumava ser uma atividade padrão das crianças, mas as autoridades escolares e a cultura da superproteção se uniram para tirar o vigor de nossas crianças - avaliou Tam Fry, da Fundação para o Crescimento das Crianças, organização filantrópica britânica voltada para questões do desenvolvimento físico infantil. - Cair de um galho costumava ser uma boa lição para aprender a dar a volta por cima e a subir melhor numa árvore. Agora, o medo de processos judiciais nos faz impedir as crianças de subirem nas árvores em primeiro lugar.

Segundo Fry, as escolas do país promovem duas horas de atividade física por semana para as crianças, enquanto elas deveriam estar praticando pelo menos uma hora por dia. Ainda assim, ele discorda dos autores do estudo quanto à necessidade de instituir testes de aptidão física.

- Os testes podem ou não ser apropriados, mas Sandercock não devia desencorajar o uso dos levantamentos do índice de massa corporal - disse.

Já uma porta-voz do Departamento de Saúde do Reino Unido afirmou que o governo implementou diversos programas de promoção de estilos de vida mais saudáveis entre os jovens e que pesquisas sobre saúde no país indicam um aumento no nível de atividades físicas.

- O Departamento de Saúde não tem planos de introduzir testes de aptidão física para crianças - acrescentou.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/vivermelhor/mat/2011/05/29/presas-em-casa-criancas-estao-mais-fracas-924558067.asp#ixzz1NkoJLmSe
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domingo, 22 de maio de 2011

Cientistas analisam o cérebro de crianças para estudar dislexia

A dislexia é uma condição que, em termos gerais, dificulta a capacidade de interpretação de linguagem de uma pessoa. Erros como a troca de letras (“d” por “b”) ou números (“5” por “2”) são comuns para os que sofrem da doença.

Ela é também chamada de transtorno do desenvolvimento da leitura, pois o cérebro não reconhece ou processa símbolos corretamente. As crianças com esta condição podem achar a compreensão de leitura difícil porque não se conectam com as letras e sons, portanto não podem reconhecer bem as palavras.

Agora, cientistas fizeram progressos na compreensão do que acontece no cérebro de uma pessoa com dislexia, o que não é bem compreendido. Novas pesquisas sugerem que pode ser possível dizer a partir de uma varredura do cérebro se a habilidade de leitura de uma criança com dislexia irá melhorar ao longo de alguns anos.

As descobertas vêm junto com a tendência geral da medicina personalizada, em que testes genéticos, exames cerebrais e outros podem ajudar a prever cada vez mais as condições para as quais um determinado indivíduo está em risco.

Algumas crianças com o transtorno podem “compensar”, ou ler quase normalmente, mas talvez mais lentamente do que os outros, na idade adulta. É difícil saber quem será capaz de melhorar as habilidades de leitura ao longo do tempo, e quanta ajuda extra é necessária.

Um estudo com 25 crianças disléxicas e 20 crianças sem dislexia usou imagens cerebrais para responder a esta pergunta. Os pesquisadores encontraram uma maior ativação e conectividade no hemisfério direito do cérebro em crianças disléxicas que mostraram a maior melhoria em leitura após 2 anos e meio.

Em geral, grande parte da compreensão da linguagem que se passa no cérebro acontece no hemisfério esquerdo, mas há algum envolvimento do hemisfério direito também. O estudo sugere que pessoas com dislexia que passam a ler de forma razoavelmente normal estão usando uma parte do hemisfério direito em tarefas de leitura mais do que a pessoa média.

Se amplamente divulgada, este tipo de varredura do cérebro pode ser um complemento importante para as avaliações – com base na leitura e comportamento – já disponíveis para o diagnóstico de dislexia. Se a ressonância magnética se tornar mais útil e banal, o custo (hoje alto) por varredura diminuiria.

Especialistas dizem que a varredura pode fornecer informações úteis, mas não destaca os fatores ambientais, como a qualidade do ensino em sala de aula da criança, que possam contribuir para os problemas de leitura.

Além disso, os pais de crianças disléxicas lembram que é ruim deixá-las ansiosas com mais testes, que podem desanimá-las e piorar seu desconforto em relação a sua incapacidade.

De qualquer forma, os resultados da pesquisa são premiliares, e estudos com amostras maiores precisam ser feitos para confirmar padrões.

Outro estudo recente descobriu que alguns disléxicos podem ter uma maior compreensão do espaço, apesar de uma deficiência na linguagem.

A pesquisa envolveu 20 voluntários com dislexia e 21 participantes sem a condição, e testou como as pessoas identificam formas, navegam em um ambiente virtual, e realizam outras tarefas que envolvem raciocínio espacial. Os homens disléxicos tinham mais habilidades visuais-espaciais.

Os pesquisadores acreditam que isso é uma coisa boa: eles podem criar projetos, pois geralmente podem visualizar as coisas de forma muito clara. É uma habilidade que lhes dará muitas oportunidades.

Devido a isso, letras e números tridimensionais, talvez feitos de plástico ou de barro, podem ajudar uma criança disléxica a entender melhor as formas. Segurar um “7″ na mão vai ajudá-las a confundi-lo menos com um “V”.

A intervenção mais importante é um ensinamento direto e explícito da fonética, ou como os símbolos correspondem a sons. Os cientistas também dizem que quanto mais cedo a dislexia puder ser detectada, melhor.

A personalidade da criança, entretanto, também pesa. Alguns persistem, apesar da frustração, melhor do que outros. Os pais devem falar com psicólogos sobre o melhor plano de ação para o seu filho.

Quanto ao caso de adultos que não sabiam que tinham dislexia, é mais complicado. Uma pessoa que passou por essa situação fez um treinamento em um centro de desenvolvimento de aprendizagem aos 34 anos. Para ele, usar computadores para escrever ajudou tremendamente, especialmente a verificação ortográfica ou correção automática. [CNN]

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sexta-feira, 6 de maio de 2011

Aulas de educação física melhoram rendimento escolar. Para o corpo e para a mente.

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Diminuir as atividades físicas e recreativas para que os estudantes fiquem mais tempo na sala de aula, em vez de melhorar as notas, tem um impacto negativo sobre o aprendizado.
A revelação foi feita durante a reunião anual das Sociedades Acadêmicas Pediátricas, que está se realizando em Denver, nos Estados Unidos.
O estudo reforça as evidências de que as atividades físicas são benéficas não apenas para o corpo, mas também para a mente.
Atividades físicas criativas
Kathryn King e Carly Scahill, pediatras do Hospital Infantil da Universidade da Carolina do Norte, testaram um programa de atividades físicas entre crianças do primeiro ao sexto ano, todas apresentando notas abaixo da média.
Antes do programa, as crianças tinham uma única sessão de atividades físicas de 40 minutos, uma vez por semana. As aulas de educação física foram estendidas para toda a semana - 40 minutos por dia, cinco dias por semana.
Mas não se trata apenas de correr, saltar ou fazer polichinelos. O programa envolve atividade de treinamento de movimentos, como traçar formatos no chão com giz ou dar nomes às cores de cada degrau enquanto saltam para baixo ou para cima por uma escada colorida.
Crianças maiores também participaram de exercícios monitorados em aparelhos, como uma esteira que mostrava noções de geografia enquanto a criança corria ou uma parede de alpinismo cujos números vão mudando conforme a criança ascende na escalada.
Mente sã em corpo são
As pesquisadoras compararam as notas dos estudantes em testes padronizados antes e depois do programa de atividades físicas.
Os resultados mostraram que o tempo investido nas atividades físicas e lúdicas tem bom retorno.
O percentual de estudantes que atingiu a nota mínima passou de 55% antes, para 68,5% depois da participação no programa.
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Fonte do texto em português  Diário da Saúde

Notícia original no Sciencedaily  http://www.sciencedaily.com/releases/2011/05/110501183653.htm

Para assistir ao vídeo do Dr. King e Dr. Scahill discutindo a pesquisa:
http://etl2.library.musc.edu/video/scahill_king/study.html
Texto original
http://www.aap.org/advocacy/releases/pas2011/movementsun.pdf