Ana Okada
Em São Paulo
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Matheus Rheine Corrêa de Souza, 17, e sua mãe, Roseli Maria Corrêa, 48, nas Paraolimpíadas Escolares
A falta de divulgação dos esportes paraolímpicos ainda é um dos principais obstáculos que os estudantes com deficiência enfrentam para a prática esportiva. Segundo Andrew Parsons, presidente do Comitê Paraolímpico Brasileiro, não há tanta divulgação desses esportes nas escolas: "É uma coisa que tentamos no passado, mas temos dificuldade para fazer devido à grande quantidade de instituições", diz.
Outra dificuldade é a falta de capacitação dos professores de educação física da rede pública. "O que acontece muito é que esse aluno acaba fazendo trabalho teórico ou fica sentado, sem fazer nada. Isso faz com que ele se distancie do esporte", diz. Parsons salienta, no entanto, que a grande maioria das cidades do país já têm entidades que oferecem esportes para esse público. Um modo de encontrar os locais que têm esportes paraolímpicos é o site do comitê.
Segundo o presidente, a transmissão televisiva dos "Jogos Olímpicos" de Atenas, em 2004, foram importantes para a difusão desses esportes. Ele conta que, antes, as pessoas não sabiam que tratava-se de uma competição com atletas de alto rendimento, assim como as olimpíadas. "Essa questão do ídolo é muito importante: as pessoas se espelham no Zico, no Pelé; é importante as crianças terem um ídolo que nem elas. Quando você investe na categoria escolar, você garante a continuidade do esporte."
Desenvolvimento
Marcos Vieira da Silva Santos, 19, é deficiente e, quando pequeno, precisaria tomar hormônios: após começar a praticar natação, aos oito anos, ele não precisou mais. Segundo sua mãe, Maria do Carmo Vieira, 51, o esporte, além de desenvolver fisicamente o filho, deu-lhe calma e facilitou sua alfabetização.
Apesar de ele ter feito esportes sempre em associações gratuitas, a mãe conta que não foi fácil conseguir uma vaga para Santos. "Você só conseguia se conhecesse alguém de lá. Acho que hoje as coisas estão mais fáceis, mas sempre tem lista de espera", diz.
Olimpíadas
Matheus Rheine Corrêa de Souza, 17, nada desde os três anos, incentivado pelo pai. Ele, que está na seleção Brasileira permanente jovem, é cego de nascença e, nas Olimpíadas Escolares, conquistou cinco medalhas de ouro. "A expectativa dos treinadores é que eu vá para as Olimpíadas de 2016, mas meu sonho mesmo é ir já para 2012, nem que eu só consiga só um bronze", diz. O atleta se divide entre os treinos de natação, a musculação e o terceiro ano do ensino médio.
A mãe de Souza, Roseli Maria Corrêa, 48, também acha que falta divulgação e incentivo para os deficientes praticarem esportes: "A vida de um deficiente que começa no esporte é um antes e um depois. Eles se animam mais, ficam mais independentes. Devia ter gente buscando mais isso, é fantástico", diz.
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