Pilates - Objetivo: controle da respiração
Meditação, ioga, tai-chi-chuan, pilates, dança indiana... Há alguns anos, essas atividades entraram na moda e, ao contrário do que muitas pessoas previam, elas vieram para ficar. O homem moderno é caracterizado por uma vida carregada de intensos afazeres, que os impede de tomar um tempo para si mesmo. Somam-se a isso, doenças e transtornos que podem surgir como consequências desse estilo de vida agitado, como estresse intenso, transtorno de pânico, enxaqueca, asma, depressão, entre outros. Nesse sentido, a promessa de um tipo de atividade física que trabalhasse tanto o corpo como a mente se mostrou perfeita para que esse homem pudesse praticar atividade física cuidando do seu corpo e da sua cabeça.
As práticas corporais alternativas têm origens diferentes, em especial o Oriente próximo e distante: Índia, China e Japão são alguns dos países que desenvolveram essas técnicas que utilizamos hoje. Todas as práticas corporais alternativas apresentam um ponto em comum: o controle da respiração. Entende-se que é por meio do controle respiratório que o homem é capaz de atingir os estados meditativos de consciência. Quem já experienciou o pilates, a ioga ou qualquer tipo de meditação, sabe que a chave para uma prática completa é unir os movimentos corporais a ritmos respiratórios lentos e ordenados. Esse é um elemento tão fundamental que o antropólogo Marcel Mauss, em seu artigo “As técnicas do corpo” assume a possibilidade de que essas práticas corporais, de outras culturas, permitiriam ao homem a alterar seu estado de consciência, o que ele chama de “entrar em contato com Deus”. Em suas palavras:
“No meu entender, no fundo de todos os nossos estados místicos há técnicas do corpo que não foram estudadas por nós, e que foram perfeitamente estudadas pela China e pela Índia desde épocas muito remotas. Penso que há necessariamente meios biológicos de entrar em ‘comunicação com Deus’. E, embora a técnica da respiração seja o ponto fundamental na Índia e na China, creio que ela é bem mais difundida de um modo geral.”
Embora com raízes bastante antigas, essas técnicas ganharam o estilo de vida moderno da sociedade ocidental. Aliás, pessoas famosas não apenas aderiram a essas práticas, como também ajudaram na sua divulgação. Um exemplo expressivo é a cantora Madonna que declarou mais de uma vez a sua adesão ao pilates e a ioga.
Como já foi dito, essas práticas vieram para ficar. Tanto que alguns cursos universitários de Educação Física incluíram as práticas corporais alternativas no seu currículo, como é o caso da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. No que se refere ao ensino fundamental e médio, essas práticas também devem ser trabalhadas nas aulas de Educação Física, segundo orientações do Ministério da Educação e da Cultura, por meio dos Parâmetros Curriculares Nacionais.
O problema que se coloca em relação a esse tipo de prática corporal é a falta de preparo dosprofissionais. Ora, se por um lado as universidades vêm aderindo a esse tipo de atividade, por outro, a inclusão dessas disciplinas no currículo universitário ainda é muito recente para que a oferta deprofissionais qualificados responda significativamente à demanda que há na sociedade hoje. Portanto, os professores que estão atuando hoje nas escolas, ou se prepararam para esse conteúdo de modo individual – procurando cursos particulares – ou não estão preparados. Por isso, embora essas práticas sejam um ótimo conteúdo para a Educação Física escolar, ela é muito pouco trabalhada. Quem sabe isso ainda poderá mudar um dia.
Por Paula Rondinelli
Colaboradora Brasil Escola
Graduada em Educação Física pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP
Mestre em Ciências da Motricidade pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP
Doutoranda em Integração da América Latina pela Universidade de São Paulo - USP
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