Fora da moda, o caderno de caligrafia foi substituído pelos computadores, um reflexo da era digital. O problema é que, sem treinar a grafia da letra cursiva, e com a falta de incentivo dentro das salas de aulas, as crianças estão escrevendo de maneira feia, ficando difícil o entendimento, tanto para quem lê, como para quem escreve. O agravante é que na idade de alfabetização, escrever com uma letra inelegível, pode ser um transtorno de aprendizagem conhecido como disgrafia.
Segundo especialistas, o transtorno de aprendizagem – disgrafia – afeta a capacidade de escrever ou copiar letras, palavras e números. O centro do problema está no sistema nervoso, mais precisamente nos circuitos neurológicos responsáveis pela escrita. De acordo com o neurologista do Instituto Glia de Cognição e Desenvolvimento, Marco Antônio Arruda, a disgrafia pura ocorre durante a gestação e já nasce com a criança.
Estudos apontam ainda que a disgrafia seja mais comum em meninos e é detectada na infância, depois que o processo de alfabetização é consolidado, por volta dos oito ou nove anos. O problema é como os pais podem saber quando a letra ilegível vai além da preguiça ou pressa e deve ser tratada como transtorno.
De acordo com a coordenadora do serviço de orientação educacional do Colégio Dante Alighieri, o rendimento escolar de quem tem disgrafia não compromete o desenvolvimento intelectual da criança. Ela alerta que, muito pelo contrário, os disgráficos são alunos muito inteligentes. “A comunicação oral deles é muito boa, mas, na hora de colocar as ideias no papel, eles têm muita dificuldade”, conta.
Para a psicomotricista, Raquel Caruso, um teste simples pode diagnosticar: “Peça para criança escrever em uma folha sem linha algumas frases. Se o resultado for uma escrita lenta, com letras irregulares, retocadas e fora das margens, é hora de preocupar-se. Além disso, os disgráficos têm dificuldades em organização espacial: daí, a escrita em que as palavras parecem subir e descer o morro”.
O alerta é que os sintomas não ficam só na escrita. Se a criança não tem ritmo de acompanhar as músicas, memória para fixar os passos e atenção aos movimentos, os pais devem ficar atentos, pois é hora de procurar um médico – incentivar a prática de exercícios físicos como correr e nadar, além de brincadeiras como amarelinha, pintura e recorte para estimular a parte motora dos pequenos. A falta dessas atividades pode comprometer o tônus muscular, piorando a já difícil situação dos disgráficos.
“No caso de diagnóstico de disgrafia o tratamento envolve o neurologista, o psicopedagogo, o fonoaudiólogo e o terapeuta. Medicamentos somente são ministrados se diagnosticado que outros distúrbios estão envolvidos”, completa a tutora do Portal Educação, Emileide L. da Costa.
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